O Brasil não vai ter uma segunda onda.
Pelo menos não de COVID.
Dia após dia batemos, mundialmente, recordes de mortes por COVID19 no mundo inteiro. Batemos os 60 milhões de infectados com 1 milhão e 430 mil mortes (provavelmente bateremos 1 milhão e 500 até o final do mês). No Brasil as cidades, principalmente as capitais, estão todas colocando seus leitos temporários de UTI para COVID de volta à ativa. Os casos começaram a subir novamente — provavelmente fruto da campanha eleitoral — e não dão indícios de que irão baixar antes do dia 1/1.
Mas é errado, contudo dizer que o Brasil se encaminha para uma segunda onda de infecção e morte. Errado porque, principalmente, o Brasil nunca saiu da primeira onda de fato. Tivemos diversas ondas pelo país (Manaus, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre) que se alternaram em diferentes momentos ao longo do ano. Agora, o que estamos presenciando é algo novo, de fato, com uma “onda” que se espalha, tal qual uma pororoca, pelo país inteiro.
Mas isso, não é, definitivamente uma segunda onda. O gráfico abaixo compara diversos países da Europa que tiveram lockdown e agora enfrentam uma segunda onda:
Acho que é bastante claro que não existiu, em nenhum momento, um declínio de casos que fosse substancial o suficiente para que o Brasil pudesse cravar que “superou” a doença. Sempre estivemos com um alto grau de ocupação de eleitos e de casos, eles apenas fizeram um rodízio pelo país. Se encararmos o Brasil como diversos países pequenos — como a Europa de fato é — podemos ter algumas “segundas ondas” em diversos locais, como a própria Porto Alegre que, depois de um período de calmaria parece se encaminhar para a tempestade do século do COVID.
Claro, sempre pode piorar. E o Brasil vai piorar. Não vai ser a pandemia que vai piorar, essa o brasileiro parece que já se acostumou a viver com. A piora vai vir quando, em janeiro de 2021, o auxílio emergencial cessar e deixar à deriva milhões de brasileiros sem nenhuma renda e em um país com quase 1/3 da PEA desocupada e com uma cesta básica em franco aumento.
Talvez o Brasil, a exemplo de diversos locais do mundo, finalmente enfrente a sua “grande fome”.